segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Como planejar resultados para o consultório

vida fica muito mais empolgante quando definimos objetivos. Os objetivos são desejos, sonhos que esperamos realizar algum dia. Veja como planejar os resultados para o consultório

Logicamente, quando traçamos um objetivo ligado ao lazer (seja uma viagem que pretendemos fazer ou um restaurante novo que gostaríamos de conhecer), buscamos com afinco nossa meta. Mas por que não podemos investir parte do nosso tempo para pensarmos em nossas próximas ações e como fazermos diferente e melhor em nosso consultório?

Planejando resultados  
Temos a tendência de definir metas a curto prazo, pois, normalmente, são metas mais fáceis de serem cumpridas. Porém, dentro do cenário financeiro, tornam-se necessárias visões de curto, médio e longo prazos. Isso porque teremos tanto planos “menores” quanto metas, para então desfrutarmos deste esforço. E este talvez deva ser o maior dos nossos esforços financeiros. Teremos que carregá-lo por anos, fazer ajustes no meio do caminho e nos certificarmos de que, ao final do plano, o resultado será satisfatório.

Para que consigamos obter sucesso lá na frente, vale seguir este passo a passo para a elaboração de um bom planejamento financeiro:

1) Definir objetivos/metas: de curto, médio e longo prazos;


2) A partir daí, traçar o caminho para alcançar estas metas: escolhendo aplicações e instituições financeiras (que irão administrar nossos fundos de investimento) ideais;

3) Cumprir a trilha desenhada: nem que sejam necessárias mudanças de estratégias ao longo do caminho;

4) Acompanhar com gráficos e tabelas: é sempre mais fácil montarmos um comparativo entre o proposto e o real (cumprido);

5) Forçar a meta para alcançar objetivos mais rapidamente: caso consigamos, será sempre melhor começarmos a desfrutar os benefícios que vínhamos buscando, como, por exemplo, podermos nos aposentar alguns anos mais cedo do que o planejado.


Planejar é tarefa que requer tempo. Quanto mais destinarmos ao planejamento, mais seguros estaremos para tomar decisões. Surpresas são inevitáveis. Mas se já pudermos ter pensado em soluções para os mais variados problemas fica bem mais fácil executar os planos. O planejamento leva em conta a definição de cenários como, qual público  frequenta o consultório, se existe a possibilidade de ampliação desse, se haverá alteração do valor da consulta, como deverá ser feita a divulgação da clínica, se a crise poderá afetar o movimento do consultório, etc.

Com a definição desses cenários, o próximo passo é transformar as informações em números. O objetivo não é tentar acertar o futuro. Isso nem com bola de cristal. Mas tentar se aproximar de uma realidade ou traçar um cenário mais satisfatório do que estamos acostumados a realizar. Traçar metas é desafiador e instigante. Mesmo – e principalmente – para aqueles médicos com mais tempo de consultório.

Contudo, chegou a hora de controlar. Se traçamos metas, precisamos checar se acertamos na execução ou se falhamos. Se não cumprimos, devemos buscar as causas para que não repitamos a baixa performance. No início, parece trabalhoso, mas com o tempo, fica tudo mais fácil. O planejamento, a execução, o controle e as correções.

Ao estabelecer metas, é preciso compartilhar com familiares e funcionários. Se todos tiverem conhecimento de onde você pretende chegar e com que velocidade, certamente ajudarão a remar para uma mesma direção e com mais vontade. É interessante que estas pessoas saibam que também poderão usufruir os benefícios decorrentes desses esforços.

Por: Márcio Iavelberg 
Fonte: Editora DOC
 


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Por que a Psicologia é Ciência e Sabedoria?

Há décadas a Psicologia tenta se afirmar como uma ciência “igual às outras”. Psicólogos, sobretudo nos EUA, dedicam a maior parte de suas carreiras a executar experimentos em laboratórios que obedeçam aos parâmetros da ciência, ou seja, tratam de fatos, fenômenos mensuráveis, quantificáveis, e que podem ser replicados por outros cientistas em iguais condições. Herança do fundador moderno dessa forma de apreensão da realidade: René Descartes.

Os fenômenos humanos são de tal complexidade, de tal diversidade, que esta metodologia científica clássica nunca dará conta de apreendê-los tal como são. Mas a Psicologia acadêmica – na sua necessidade de obter financiamento para seus trabalhos, portanto para garantir empregos, sustentar os departamentos universitários – continua produzindo trabalhos que fragmentam, portanto distorcem, a realidade do ser humano.

Outro aspecto importante da permanência da Psicologia no paradigma cartesiano é a sua procura pela “respeitabilidade” oferecida pela ciência. Se a Psicologia não pertence à área privilegiada da ciência, os profissionais que a ela se dedicam são de “segunda classe”, seus rendimentos financeiros pequenos, seu lugar na sociedade é precário.

Mas há uma vertente na Psicologia, na qual me incluo, que fundamenta sua prática nas noções desenvolvidas pela Fenomenologia, questionadora da hegemonia cartesiana. A Fenomenologia rompe com a dicotomia sujeito-objeto, consciência-corpo, indivíduo-mundo. Rompe com a pretensão de pura objetividade e, portanto, com seus critérios de verdade. Todo conhecimento advém de seres humanos que se inserem em um mundo (físico, social, cultural, biológico) do qual qualquer separação é artificial, construída/teórica. Penso que o filósofo francês Merleau-Ponty foi quem melhor nos mostrou, poeticamente, a verdade da visão fenomenológica, fundamento do trabalho mais fértil, tanto da Psicologia quanto da Medicina e suas áreas afins:

“Retornar às coisas mesmas é retornar a este mundo antes do conhecimento cujo conhecimento fala sempre, e com respeito ao qual toda determinação científica é abstrata, representativa e dependente, como a geografia com relação à paisagem onde aprendemos primeiramente o que é uma floresta, um campo, um rio.”
(Fenomenologia da Percepção, p.7)

O que tudo isso nos revela?
·        -  A importância da valorização da Psicologia como ciência cujo paradigma não é o mesmo daquela inaugurada por Galileu e Descartes.
·         -   A consideração de que toda a realidade humana deve ser conhecida e investigada por meio de disciplinas múltiplas e integradas.
·       - A consideração de que o sujeito da investigação, teórica ou clínica, está implicado nela. As emoções, os valores, os eventos da história pessoal do cientista psicólogo ou médico estão presentes em cada ato e momento de seu trabalho.
·         - A afirmação de que o sujeito humano não é um ser fragmentado em psique e soma, sujeito e mundo e, portanto, conhecê-lo e atuar nele e no mundo implica na adoção de princípios e métodos que respeitem estes entrelaçamentos.

Amaryllis Schvinger
Doutora em psicologia

Psicoterapeuta