A medicina e a tecnologia
estão unidas no exercício diagnóstico e cura de pacientes. Mas, é preciso
cuidado para que o uso dos aparatos tecnológicos seja sempre em benefício do paciente.
É o que destaca o representante da Bahia no CFM, o conselheiro Jecé Brandão,
que escreveu o livro “O médico no século XXI: o que querem os pacientes?”- no
qual aborda, dentre outros assuntos, a relação médico-paciente, ética médica e
bioética clínica. Jecé destaca que diante da tecnologia o discernimento do
médico sobre o procedimento mais adequado se torna ainda mais imprescindível.
“A premissa absoluta ou imperativa categórica do direcionamento do trabalho médico
é a identificação rigorosa da real necessidade do paciente em ser submetido
àquela tecnologia, que pode ser curativa e salvadora, mas também agressiva, invasiva e danosa”, observa.
Conforme o conselheiro, o
médico deve agir com ética profissional. “A tecnologia tem que ser aplicada com
um cuidado ético, pois tem sempre o potencial de efeitos colaterais”,
argumenta. A escolha do procedimento a ser adotado deve acontecer em ambiente
de confiança onde o profissional explique todos os riscos e a indiscutível
necessidade de sua utilização.
Internet
Do outro lado da relação, a
autonomia do paciente em buscar informação sobre as doenças, com o acesso à
internet, tornou-se uma realidade presente na atividade médica. Situação que o
médico não deve temer e os pacientes precisam ter cautela para não ocasionar a
prática da automedicação, que é prejudicial, já que o indivíduo não é
acompanhado por um profissional. “Acredito que cada vez mais a importância do
médico crescerá, exatamente porque com o acesso da população a informações
sobre doenças, ela vai perceber o grau de complexidade e risco que é se
automedicar”, considera Brandão. Conforme o conselheiro defende, o papel do
médico, diante do paciente “bem informado”, é esclarecer as dúvidas e
compartilhar as informações, a fim de contribuir para que os dois possam em
decisão deliberada definir o melhor tratamento. “O médico deve respeitar o
desejo e a opinião do paciente, desde que a opção seja por um tratamento
tecnicamente justificável”.
“O profissional deve acatar
a palavra final do doente. É o cenário da medicina ideal, porque médico e
paciente devem sempre estar em cumplicidade”, explica. O médico tem que ter uma
formação humanística para saber como construir uma relação de confiança com o
paciente e ao mesmo tempo lidar com as tecnologias. Além da aptidão de cuidar
de pessoas, o estudante deve ter na graduação mestres que possam oferecer os
princípios de psicologia, sociologia, antropologia e história da medicina.
“Acreditamos que vamos formar esse médico com tecnologia agressiva e resolutiva,
curando ou aliviando o curso da maioria das doenças, mas dotado de
generosidade, suavidade e leveza na sua prática diária, sob os princípios da
dignidade e cidadania”.
FONTE:
CREMEB – Conselho Regional de Medicina da Bahia
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